Correr nos dias de hoje...

Será que devo correr? Correr é proibido? Devo deixar de correr? Exercitar-me em casa é a melhor opção? Comprar uma passadeira para correr em casa? Evitar sair à rua? Correr faz mal? Qual é o objetivo de correr agora que não há provas? Porque corro?...

Quando me falam que não posso correr...

Podia continuar com mais e mais destas (aborrecidas) questões que hoje em dia se têm viralizado, tanto quanto o COVID-19... nunca vi tanta discussão nas redes sociais sobre se se deve ou não correr na rua, o tempo que se deve correr, etc etc... Não vou querer alimentar essa discussão uma vez que apenas me fará perder tempo e não me enriquece em nada, para além do ódio imenso que tenho visto e nunca imaginara existir quando se fala em corrida.

Deste modo, escrevo este primeiro artigo do blog acerca do que tenho feito neste período já longo de confinamento. Desde o dia 12 de março que estou a trabalhar a partir de casa, o que se trata de uma mais-valia face a muitos milhares de pessoas que infelizmente não têm essa possibilidade. Esta circunstância não me impediu de continuar a treinar, até porque vivo numa zona onde existe amplo espaço (já antes havia) onde posso correr e ter os devidos cuidados para o fazer em segurança.

Adicionalmente, trabalhar em casa permite-me dar mais atenção a um aspeto que acredito que, muitos como eu, acabam por descurar: o reforço muscular. Não sendo especialista na área, nem perto disso, tento realizar algum trabalho de reforço com exercícios relativamente simples (tecnicamente), que acredito trarão benefícios futuramente. Tenho feito pequenas sessões diariamente e até ao momento tenho sentido que está a ser uma mais valia. Talvez apenas veja reflexos práticos deste trabalho quando voltarmos à normalidade (seja quando lá quando isso for - já há quem fale no final de 2021...), mas independentemente disso tenho tido algum gosto em trabalhar no reforço muscular, estando a tornar-se um hábito, um bom hábito, acredito.

Não se assustem quando me virem após a quarentena 😎

Relativamente aos treinos de corrida, a frequência tem sido a mesma, 5 vezes por semana, por norma terças, quartas, quintas, sábados e domingos, com os descansos na segunda e sexta. O volume semanal de kms acaba por ser relativamente semelhante, mas com uma grande diferença, a intensidade. Os treinos de séries e fartleks acabaram e nestas semanas tenho corrido simplesmente pelo prazer de correr. Talvez possam achar absurdo e para muitos o facto de não haver uma prova no horizonte, é sinónimo de desmotivação. Para mim, pelo contrário, tem sido prazeroso, correr apenas porque quero correr e me sabe bem. Já o faço quando tenho determinada prova alvo, mas neste momento, o facto de não me preocupar com ritmos e não forçar o corpo a determinados esforços, correr apenas porque gosto de o fazer, dá-me prazer, principalmente depois de estar um dia inteiro em casa.

Não é por isso que deixo de correr a 4' / km se assim o entender e me apetecer, mas tenho optado por correr com liberdade e sem aquela "pressão" que colocamos a nós próprios para atingirmos determinadas marcas.

Outro pormenor interessante tem sido o facto de ter optado por correr em locais que desconhecia. Vivo numa Urbanização da Bobadela há cerca de 2 anos e meio e 99% dos meus treinos quando os iniciava a partir de casa, foram sempre em direção ao Parque das Nações que fica a pouco mais de 1km de distância. Com o objetivo de correr em locais mais isolados, acabei por começar a correr na direção oposta - em direção a Bobadela, São João da Talha, Santa Iria da Azóia, etc... - o que me permitiu conhecer muito melhor toda a zona envolvente donde vivo.

De referir que estas zonas são bastante mais acidentadas, ao contrário do Parque das Nações que é praticamente plano. Assim, o acumulado dos meus treinos subiu consideravelmente nas primeiras semanas. Contudo, nas últimas semanas, o meu gosto pelas subidas cresceu e tenho aumentado cada vez mais o acumulado. À data a que escrevo, segundo o Strava tenho 4.624m de acumulado em abril, tratando-se de um record por larga margem, apesar de ainda ter mais uns quantos treinos para finalizar o mês! (É caso para dizer: Qual Kilian, qual quê?)

Para finalizar a descrição das minhas corridas, tenho ainda optado por fazer algo que me dá um certo gozo, tentar bater records dos segmentos do Strava. 😁 Um segmento é um percurso que alguém gravou no Strava e onde é possível efetuar uma classificação de todas as pessoas que passaram nesse mesmo percurso. Neste caso o objetivo passa por ser o mais rápido desse segmento.
Nesta quarentena não sei quantos segmentos já "limpei" (como costumo escrever nas atividades do Strava), mas por certo mais de 10. Tem a sua piada querer ser o corredor mais rápido naquele local e acaba por criar uma certa competição.

Quando vejo um segmento novo!

Assim têm sido os meus treinos durantes estas longas semanas de confinamento, onde tenho aproveitado por correr como um bom momento de descompressão, obviamente com a segurança necessária. Como todos, espero que este período acabe rapidamente, mas também acredito que não voltaremos à normalidade pré-COVID sem que exista uma solução segura, pelo que nos próximos meses dificilmente teremos provas em perspetiva. Deste modo, acredito que o melhor é aprendermos a viver da melhor forma com as condicionantes que se manterão durante os próximos meses e com os cuidados que necessitaremos de ter, sempre com uma perspetiva otimista de que esta fase complicada acabará.

Até lá, bons treinos e desfrutem da corrida,
Pedro Amaro

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